Por Carlos Eduardo Bindi (Colegio Etapa)
O grupo do SIEEESP partiu rumo ao continente da tradição, da cultura, das inovações, das atrações turísticas e, é claro, da educação que chega ao século XXI carregando um passado promissor e a busca por um futuro desafiador.
Conexão
Nosso primeiro destino na Europa foi Zurique. De Zurique a Lucerna fomos de ônibus, aproveitando para limpar nossos olhos com a belíssima paisagem suíça.
Fomos recepcionados por uma simpática guia, Ana, que nos levou pela cidade em um passeio acompanhado por uma pequena maratona infantil. Pessoas colorindo um dia frio, mas ensolarado. A guia nos deu, durante o passeio, informações históricas sobre a cidade.
Depois fomos a Jungfrauhoch chamado de “Top of Europe” (Topo da Europa), situado no coração do Patrimônio Mundial da UNESCO, os Alpes Suíços Jungfrau-Aletsch, na fronteira entre os cantões de Berna e Valais.
Jungfraujoch está a uma altitude de 3.463 metros (11.362 pés) acima do nível do mar, e sua estação de trem está a 3.454 metros (11.332 pés). O trem passa por Interlaken Ost, Grindelwald e Lauterbrunnen
Nossa próxima parada foi Berna, de onde se iniciaram as visitas às escolas para tomarmos contato com o sistema educacional da Suíça. Lá quase não há escolas particulares, exceção feita aos internados em que os alunos são deixados pelos pais que vivem no estrangeiro, diplomatas ou grandes empresários, aqueles que têm dinheiro para pagar uma anuidade supercara.
Os ensinamentos públicos estão dispostos da forma em que se segue, em uma escola de período integral em um ciclo obrigatório dos 4 aos 18 anos.
Nos anos finais, os jovens podem optar ou por ensino profissionalizante ou pela continuidade dos estudos em Universidades. Algumas coisas chamam a atenção no processo de educação suíço: o foco no ensino profissionalizante, que forma técnicos em diversas áreas, que serão logo absorvidos pelo mercado de trabalho; os estudos transversais, destacando colaboração, comunicação, estratégias de aprendizagem, pensamento crítico e abordagem reflexiva (conforme gráfico abaixo) e, finalmente, a grande valorização de áreas que entre nós é praticamente desconhecida: a restauração de monumentos e de edificações tombadas.
A preocupação maior do ensino é a integração entre as diferentes culturas e línguas faladas pelos alunos. Há uma disponibilidade grande de professores e orientadores desses segmentos. Outra característica marcante é a promoção de autonomia das crianças e jovens, de modo a deixá-los aptos a enfrentarem obstáculos vindouros.
Chama a atenção a limpeza das escolas, as instalações bem-cuidadas, o sistema de revezamento para manutenção ou reformas dos edifícios em que as escola funcionam normalmente e a preocupação dos diretores com o andamento das atividades e com a disciplina.
Importante notar que todo o ensino do cantão, quer seja ele predominantemente em língua francesa ou em língua alemã, é dirigido pelo Ministério da Educação. Não há possibilidade de ir além do que é determinado pelo Estado. Mesmo assim, a Suíça tem obtido um bom desempenho no Pisa.
Conclui-se que para o bom desempenho de um país nas provas internacionais, leva-se em consideração os estudos da língua (leitura), de ciências e da matemática. O país possui uma boa base voltada para os ensinamentos de diversas línguas, e investe maciçamente na leitura; mas não chegou a ser um destaque no resultado final do Pisa. Ao que parece, na classificação geral tanto em matemática como em ciências o país não atinge o nível de excelência. Para se chegar a uma real conclusão, seria interessante um estudo mais completo das atividades em sala de aula.
A ONU e suas instalações em Genève
A visita à sede da ONU em Genebra foi um momento de muita expectativa. Uma visita monitorada nos levou às salas de debates, mostrou como funciona a sede na Suíça e deu informações importantes sobre o que se tem a fazer nesse espaço de esperança para a reconstrução da paz no mundo.
O infográfico abaixo nos mostra as dimensões e as ramificações da ONU nos países em que se situam suas sedes. Atualmente é composta por agências, fundos e programas especializados que trabalham em diversas áreas como saúde, trabalho, agricultura, educação e meio ambiente.
Como se sabe, a Suíça não faz parte do Mercado Comum Europeu, tem moeda própria quase equivalente à da Inglaterra e um custo de vida altíssimo. Muitos imigrantes chegam para diversas atividades, principalmente empregam-se no turismo. Muitos restaurantes pontilham as ruas quando a luz do sol chega para iluminar o mundo feito de neve.
Outra etapa da viagem – Portugal
Saímos da Suíça rumo a Portugal. A chegada a Lisboa pela TAP foi tranquila. Fomos recebidos pelo Armando, um simpático brasileiro que vive há anos em Portugal.
Chegada em Lisboa para o hotel Mundial. Encontros importantes: Guilherme, nosso guia por algumas cidades, e o Armando. No hotel, à nossa espera, estava o professor Pacheco, que nos próximos dias nos apresentará sua proposta de ensino, ligadas ao sucesso da Escola da Ponte, um ícone e uma referência de algo inovador em matéria de educação em Portugal.
Saímos a pé pelos arredores do hotel e fomos ao encontro de alguns da história que liga esse país ao nosso. Chegamos à rua Augusta, centro gastronômico e turístico, fomos à praça em que a imagem de D. José I sobressai, perto do museu da cerveja e da confeitaria em que o poeta Fernando Pessoa frequentava. Ao fundo, esplendoroso e mágico, corre calmamente sua majestade, o rio Tejo.
Portugal é um país cheio de história próxima à nossa. Encontramos os vultos importantes que fizeram do Brasil o que ele é. Deve-se também lembrar que o Brasil, pelo ouro e pela prata, também fez a história de Portugal. Uma troca que deixou suas marcas na riqueza existente nos palácios, igrejas e monumentos.
Sábado e domingo, dias 10 e 11 de maio, foram dedicados ao turismo. Sintra, Cascais e Estoril foram alguns dos roteiros.
Aproveitando as andanças, fomos recepcionados na Comunidade de Aprendizagem do Freixo e ao modo de vida rural em um espaço educacional ligado a preservação da natureza. Lá tomamos conhecimento da famosa BOLOTA que só quem experimentou sabe o quanto é saborosa.
As escolas portuguesas
De modo geral, as escolas portuguesas seguem os padrões europeus, com nove anos dedicados aos estudos fundamentais. O período também é integral, sendo que o secundário ocupa os anos restantes da formação dos jovens.
Segundo uma professora de inglês que se interessa muitíssimo por literatura, Isabel Cruz, o sistema educacional português é próximo dos outros países europeus.
Portugal não se destaca no Pisa, não ocupa lugar de destaque na classificação geral. Como observação: na primeira edição do Pisa após a pandemia (2023), 690 mil alunos dos países participantes realizaram provas de matemática, leitura e ciências. Segundo relatório, um em cada quatro jovens portugueses de até 15 anos tem fraco desempenho, não conseguem interpretar textos simples ou utilizar algoritmos básicos. Para alívio das instituições educacionais portuguesas, o relatório divulga uma lista de 18 países onde mais de 60% dos jovens não atingem os níveis de competência desejados e o país não está entre os últimos.
Portugal registrou uma queda na classificação geral, mas Portugal, embora tenha sofrido uma queda na classificação geral, não está incluído na lista. Outro dado importante, os resultados de países como Austrália, Japão, Coreia, Singapura e Suíça mantiveram ou melhoraram o desempenho em matemática e um dos motivos pode ter sido o período mais curto de fechamento das escolas e o insucesso do ensino à distância.
Enfim, a Escola da Ponte
Reconhecida internacionalmente por seu modelo pedagógico inovador que se centra na autonomia, participação e responsabilidade dos estudantes, tem como foco a formação de cidadãos críticos, solidários e autônomos.
Pela apresentação de duas jovens estudantes, soubemos que a escola, fundada em 1976, rompe com o modelo tradicional de ensino e substitui as turmas fixas por projetos interdisciplinares que respeitam o ritmo individual de cada aluno. As séries foram abolidas, as aulas convencionais não existem, os professores foram substituídos por tutores e cada tutor é responsável por um grupo de até 12 alunos. Os espaços são abertos e organizados em áreas de trabalho colaborativo, equipada com livros, computadores, e outros recursos. Os alunos são agrupados por afinidade e interesse, promovendo a troca de conhecimento entre diferentes faixas etárias. Os tutores são escolhidos pelos alunos e não necessariamente são professores. Eles são responsáveis por auxiliar o estudante na definição de metas e estratégia de estudo. As avaliações são feitas pelo próprio aluno.
A gestão escolar conta com a participação ativa dos alunos, que se reúnem em assembleias semanais e discutem e deliberam sobre questões do cotidiano escolas, estabelecendo normas e resolvendo conflitos de forma coletiva. A mediação é feita por uma comissão de alunos. Percebe-se que o professor José Pacheco é o centro, o mentor, o coordenador de todo o processo e a proposta de levar adiante tal projeto deve ter as mãos de seu criador.
Resta lembrar que a escola é inclusiva, acolhe todos os alunos independentemente de suas características ou necessidades específicas, pois acredita-se que todos têm capacidade de aprender.
As Universidades
Outra atração de Portugal são as Universidades. Duas, em especial, foram motivos de nossa admiração: a universidade do Porto e a de Coimbra, onde visitamos a Biblioteca Joanina, com uma arquitetura de estilo barroco, construída entre 1717 e 1728 por D. João V, tornou-se símbolo da cultura e esplendor científico de seu reinado.
Resta lembrar que os participantes da 24ª Viagem Educacional promovida contou cm um grupo coeso, simpático, alegre, disposto. Todos os participantes estavam à vontade uns com os outros e fomos acompanhados o tempo todo pela administradora e eficaz responsável pelo grupo, a mágica Marici (que com uma simples mala de mão conseguia trocas de roupas para cada evento). Também foi de fundamental importância a presença de Andrea, que nos acompanhou na primeira parte da viagem.
Para finalizar, acredito que existam muitos meios de tornar a educação eficaz, quer seja ela feita na Suíça, em Portugal, ou no Brasil. Cada escola, cada método, cada maneira de educar procura extrair o máximo da juventude para ela seja responsável pela construção de um futuro mais justo, mais inclusivo, com menos distorções sociais, mas com honestidade e princípios que elevem nossos jovens a condição de cidadãos respeitados.
Jornal Eletrônico SIEEESP – Ed 1094 http://www.escolaparticular.com/jornal/2025/1094/?utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Jornal-Eletronico-Edicao-1094
Este programa enriquecedor foi cuidadosamente organizado pela MPM Trips em parceria com o SIEEESP, garantindo uma experiência educacional internacional de alta qualidade, repleta de aprendizado, networking e inspiração. Acompanhe as próximas publicações. Programe-se para o próximo ano! https://mpmtrips.com.br/viagem-educacional-internacional-sieeesp-mpm/ Para mais informações entre em contato com Andrea MPM: (11) 96059-9595
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